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2021 não foi um ano mais fácil que 2020. O segundo ano de pandemia, com a desigualdade se aprofundando e a crise política a todo vapor, exigiu de nós a produção de estratégias de força e de cuidado para seguirmos em frente.
Juntas de dezenas de parceiras e milhares de apoiadoras, colocamos no mundo comunicações em diversas linguagens para espalhar nossa mensagem. Série de TV, História em Quadrinho, Livros, obras de arte,..
Nos articulamos também para seguir defendendo o direito das mulheres negras de ocupar a política, aprofundando nossas pesquisas e batendo na porta das maiores autoridades do país para cobrar medidas concretas.
Como uma grande família que preserva nossas memórias para inspirar as próximas gerações, compartilhamos abaixo alguns registros dos principais momentos deste ano.
Sinta-se em casa :)
JANEIRO
No final de 2020, uma série de ameaças contra parlamentares eleitas foram registradas.
Casos como os da Ana Lúcia Martins, primeira vereadora negra eleita em Joinville, Carol Iara, co-vereadora da Bancada Feminista do PSOL, Erika Hilton, vereadora de São Paulo e Samara Sosthenes, covereadora do mandato Quilombo Periférico, foram centrais para a construção de estratégia de incidência estrutural para cobrar das autoridades um sistema político seguro para todas as pessoas.
A plataforma veio para pautar a mobilização pela garantia de proteção e segurança de mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas que se disponibilizam a ocupar lugares de decisão na política.
FEVEREIRO
Começamos o ano nos reunindo com a Secretaria da Mulher do Rio de Janeiro para falar sobre a implementação do Dossiê da Mulher Carioca, um projeto de lei de Marielle Franco, aprovado em 2018.
O projeto veio para consolidar e monitorar os dados de violência contra as mulheres a partir das áreas de Segurança Pública, Assistência Social e Saúde.
Foi um grande passo para que possamos efetivar políticas concretas e assertivas contra as violências de gênero!
Resgatar o nosso passado para que as nossas narrativas nunca sejam esquecidas.
Após um ano onde estátuas de figuras racistas e assassinas da nossa história foram derrubadas pelo mundo, lançamos a campanha para erguer a estátua Marielle Franco, com o intuito de preservar sua memória, lutas e trajetória.
Até o momento já arrecadamos 75% do valor necessário para realizar o projeto e eternizarmos a sua potência e a sua luta.
Erguermos um monumento à Marielle é fundamental para conseguirmos continuar lutando por justiça e garantir que as futuras gerações a conheçam e sigam esse legado adiante.
Durante o ano de 2021, nos reunimos diversas vezes com a Relatora Especial da ONU para Defensores de Direitos Humanos, onde falamos sobre os casos de violência política contra parlamentares negras e trans em que temos atuado com a campanha #NãoSeremosInterrompidas.
Relatamos também as ameaças recebidas e a situação de vulnerabilidade de todas as organizações negras que trabalham com defensores de direitos humanos no Brasil, além de pautar a violência policial.
MARÇO
Durante o mês de março, que marcou três anos sem Marielle e Anderson, e ainda durante uma pandemia, convocamos pessoas no mundo inteiro a cadastrarem suas ações - sem aglomeração - para fortalecer a luta por justiça.
Foram 197 ações cadastradas em dezenas de paises.
Em uma ação histórica, a Placa Marielle Franco foi colocada em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Seguiremos cobrando justiça!
Para intensificar a cobrança por justiça, lançamos no mês de março o site do Dossiê do Caso Marielle e Anderson.
Uma plataforma construída com voluntárias da nossa Rede de Sementes, e que tem uma linha do tempo atualizada do caso e 14 perguntas até hoje sem respostas.
Para multiplicar o legado de Marielle, realizamos a ação #PlantandoSementes que reuniu 70 parlamentares de 45 cidades do país, que protocolaram 12 projetos de lei que Marielle apresentou como vereadora na cidade do Rio de Janeiro.
Junto com as parlamentares criamos um projeto que institui o 14 de Março como o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e Periféricas.
Assista ao vídeo de fechamento da ação:
Recebemos da vereadora Tainá de Paula a medalha Chiquinha Gonzaga - conferida a personalidades femininas que se destacaram em prol das causas democráticas, humanitárias, artísticas e culturais - pelo trabalho que estamos fazendo no Instituto Marielle Franco.
Foi um momento muito importante e simbólico para nós, pois celebra a luta em defesa da memória, da busca por justiça por Marielle e da luta de tantas mulheres negras que tornaram possível que nós, chegássemos até aqui.
Mesmo na correria intensa do dia a dia, precisávamos seguir olhando pra dentro e atuando na estruturação do Instituto e no desenho do nosso planejamento estratégico.
No mês de abril realizamos uma série de reuniões para aprofundar nossas políticas internas.
MAIO
O trabalho no enfrentamento à violência política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas não pode parar.
Ao longo do ano acolhemos uma série de denúncias como nos casos da vereadora de Niterói/RJ, Benny Briolly, e da prefeita de Cachoeira/BA, Eliana Gonzaga.
Atuamos com orientações estratégicas, gerando visibilidade, incidindo sobre autoridades locais e nacionais e apoiando com medidas de proteção.
JUNHO
JULHO
O lançamento do livro "A Radical Imaginação Política das Mulheres Negras Brasileiras", construido junto com Mulheres Negras Decidem e a Fundação Rosa Luxemburgo, foi um dos pontos altos do nosso ano!
Uma contribuição no processo de visibilização das respostas e soluções empreendidas pelas mulheres negras brasileiras frente ao atual contexto de crise social, política e econômica.
Participamos da construção da minisérie: "Para onde vamos?"
A série gravada durante a pandemia, teve como ponto de partida pesquisa de mesmo nome realizada com mais de 250 ativistas negras em 2019.
A série e a pesquisa trazem uma análise das estratégias e soluções para construir um futuro antirracista a partir da visão do movimento brasileiro de mulheres negras.
A minisérie foi produzida pela produtora Fluxa Filmes, numa construção em parceria com o Movimento Mulheres Negras Decidem.
Está disponível no Canal Brasil e na Globo Play.
Lançamos o HQ “Marielle Franco - Raízes”, em parceria com a Fundacao Rosa Luxemburgo.
A revista em quadrinhos conta a história da vida de Marielle, desde quando ela ainda era uma criança e um pouco da sua juventude, de uma forma muito simples e acessível.
Queremos que futuras gerações saibam quem foi Marielle Franco, e sigam dando continuidade em sua memória e legado.Neste ano, as famílias de Marielle e Anderson, o Instituto Marielle Franco, a mandata da vereadora Monica Benício, a Anistia Brasil, a Justiça Global, a Coalizão Negra por Direitos e a Terra de Direitos lançaram o Comitê Justiça por Marielle e Anderson para atuar de forma conjunta nas investigações do caso.
Nossa primeira ação foi pressionar o Ministério Público do Rio de Janeiro após suspeitas de interferência nas investigações.
O caso Marielle e Anderson não é apenas um marco em termos de violação de direitos humanos, é um atentado contra a democracia brasileira. Uma articulação permanente e coletiva em busca de respostas.
AGOSTO
Em 2021, lançamos o Papo Franco com Anielle Franco! O #PapoFranco é uma conversa descontraída e sem filtro com convidadas maravilhosas!
Nosso primeiro episódio foi com a maravilhosa Nath Finanças.
Assista todos os programas no nosso canal do You Tube.
Estivemos em Brasília, mobilizada junto com a Coalizão Negra por Direitos na campanha #ReformaRacistaNão, denunciando os passos de deputados e senadores que tentavam aprovar a todo custo uma Reforma Eleitoral, ou seja, mudanças importantes na legislação eleitoral sem participação e diálogo com a população brasileira.
Conseguimos barrar o projeto de voto impresso e do distritão!O caminho para que a população negra esteja representada e concorrendo com condições justas ainda é grande.
Em 2022 teremos um enorme desafio de eleger mais de nós, pessoas negras progressistas para as Casas Legislativas de todo o país.
Seguiremos juntas na luta resistindo, contra as ações desse governo racista!Um dos projetos apresentados no Pacote Legislativo #PlantandoSementes da Agenda Marielle Franco, a criação no Dia 14 de março do Dia Marielle Franco de enfrentamento à violência política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas foi aprovado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
SETEMBRO
Nos últimos anos no Brasil educadoras e educadores tem sido ameaçados, despedidos e cerceados em sua liberdade de cátedra.
Foi pensando nisso que lançamos junto com o IFRJ a pesquisa “Educadores em risco”.
Analisamos a perseguição a professoras e professores brasileiros que defendem os direitos humanos.
Entendemos que as violências múltiplas precisavam ser visibilizadas através de números e estatísticas para que possamos lutar por um país que valorize a educação e seus profissionais.
OUTUBRO
Esse ano tivemos a nossa primeira ação da rede de sementes! <3
A Rede de Sementes é uma rede de pessoas, em especial mulheres negras, LGBTQIA+, periféricas e defensoras dos direitos humanos, que se conectam com a história de Marielle e querem agir para multiplicar o seu legado, defender a sua memória e lutar por justiça.Com uma abrangência nacional a rede age de forma voluntária, somando com as ações do Instituto e ajudando a ampliar o impacto das suas iniciativas.
Foi uma ano cheio de leitura com a com distribuição da "HQ Marielle Franco - Raízes" no Complexo do Alemão, Complexo da Maré, Estácio e centenas de organizações e coletivos do Brasil.
Ficamos muito felizes e emocionadas em ver a memória e luta da Marielle sendo espalhada por todos lugares.
Garantir acesso a ferramentas de educação e cultura para nosso povo é a chave para que possamos pensar em um futuro cada vez mais pleno.
NOVEMBRO
DEZEMBRO
O último lançamento do ano de 2021 foi marcante!
Lançamos a segunda edição da Pesquisa de Violência Política de Gênero e Raça no Brasil 2021, com relatos de 11 parlamentares negras defensoras de direitos humanos de todas as regiões no Brasil e 37 recomendações para as autoridades e para a sociedade civil.
Um retrato profundo e detalhado sobre o que acontece depois que mulheres negras são eleitas e sobre como podemos garantir a permanência dessas mulheres nos espaços de poder.
Eleitas ou não, mulheres negras seguem desprotegidas!
Nos reunimos com ministras do TSE, autoridades da PGR e do Congresso Nacional e a Rede de Sementes realizou ações em 15 cidades de todas as regiões do país.
Quando 2020 acabou nós falamos que tentaríamos fazer um 2021 com menos ações e mais profundidade.
Em uma realidade tão dura com a qual estamos vivendo ficou difícil fazer menos ações, mas com certeza podemos dizer que aprofundamos as estratégias que já vínhamos trabalhando.
Dedicamos nossa energia em difundir os diferentes produtos que colocamos no mundo e fortalecer as estratégias de incidência por direitos. Mas não deixamos de olhar pra dentro, mergulhando em reflexões estratégicas para nos preparar para o ano que vem.
2022 será um ano desafiador. Mas sabendo de onde viemos, para onde queremos ir e que caminharemos juntas, estamos certas de que seguiremos avançando.
Um beijo apertado, desejando um ano novo de saúde, renovação, encontros e abraços presenciais,
Anielle, Luyara, Marinete, Toinho, Mariah, Eloah e toda a família e equipe do Instituto Marielle Franco. 🌻
PS: Tudo isso, sem dúvidas, só foi e só será possível porque contamos com a força de milhares de pessoas como você que doam todos os meses para continuarmos caminhando.
Se você puder nos apoiar para as ações do ano que vem, acesse apoie.institutomariellefranco.org e faça a sua doação.